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  • Por Roque Tomazeli*

Restaurante é lugar para comer bem

Li em ZH (Caderno Destemperados, 4/5) um artigo intitulado “Quando o tempo é um peso”, do crítico gastronômico paulistano Luiz Américo Camargo. O texto girou em torno do fechamento de uma cantina chamada Capuano, inaugurada em 1907, no Bexiga, na cidade de São Paulo.

Crédito foto: Divulgação | RG

O autor foi compondo as coisas a partir da cozinha “ítalo-paulistana”, inventada na cidade, inspirada na fartura, em contraposição à miséria da qual fugiam os que vieram da Campânia, da Puglia e da Calabria, na Itália, conforme relatou.

Depois, ele citou que vários dos pratos da cantina fizeram sucesso no passado; ultimamente não. Lembrou, ainda, do respeito pela trajetória do lugar, estima pelo proprietário e alegria da música ao vivo. Ou seja, mais pelo ponto de vista da memória do que da gastronomia, explicou.

“É pouco para manter uma casa viva”, escreveu.

Para ele, restaurantes, como pessoas, têm defeitos e virtudes. Têm ciclos. Podem passar por reveses empresariais, crises, modismos e terem seu futuro comprometido se perderem a conexão com seu público: seja pela comida, pelo serviço, pelo posicionamento.

“Se hoje não estiver bom, o cliente não irá se importar muito com o ontem, com um passado de glórias. Ele vai se afastar”, preveniu.

O crítico gastronômico também assinalou que constatava tudo isso com pesar, que não era um problema só dos antigos, mas também das novas casas que vendem mais conceito do que comida, mais pose do que acolhimento, mais proposta do que prazer.

“Vamos a um restaurante porque comemos bem, encontramos uma atmosfera atraente, porque somos bem recebidos – não importa se é um bar ou uma casa estrelada. A história e o conceito contam. Mas, parodiando o ditado, não se põem à mesa”, concluiu.

Há mais ou menos dois meses, contatei com Luiz Américo Camargo. Primeiro, para tirar uma dúvida. Segundo, para dizer que pretendia aproveitar partes do texto para desenvolver um comentário relacionado à gastronomia em Gramado.

Comentário à parte, “Quando o tempo é um peso” tem conteúdo e alcance suficientes para ser mostrado sem maior intromissão.

* Roque Tomazeli é jornalista diplomado e editor do Repórter Gramado.

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