top of page
  • Por Roque Tomazeli*

O Zoo de Sapucaia em tempo de incerteza

O Parque Zoológico da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, o Zoo de Sapucaia, foi criado para ser uma universidade ao ar livre. Isso, pelo menos, desejava um de seus idealizadores, o padre e botânico Balduino Rambo (1905-1961). Agora, com o anúncio da extinção da Fundação Zoobotânica, o tempo no parque é de incerteza.

Crédito foto: Roque Tomazeli | RG

O desejo do padre Rambo nunca foi plenamente atingido, mas o parque funciona com as condições que recebe em uma área de 160 hectares cercada (dentro de um todo de aproximadamente 800 hectares, que forma a Reserva Florestal Balduino Rambo). Nele, vivem 1,1 mil animais entre aves, mamíferos e répteis, com uma diversidade de 150 espécies, sendo 50 exóticas e 100 nativas.

Nessa vastidão, de excelente cobertura vegetal, lagos e infraestrutura, fica um ambiente de preservação no Vale dos Sinos. E é esse conjunto de coisas que leva acima de 500 mil visitantes anualmente ao parque, de estudantes a grupos familiares e excursionistas do Rio Grande do Sul e de fora.

Como órgão vinculado administrativamente à Fundação Zoobotânica (com o Jardim Botânico e o Museu de Ciências Naturais), o Parque Zoológico desempenha um trabalho único na estrutura estadual, oferecendo educação ambiental, pesquisa, acolhimento e tratamento de animais silvestres resgatados do tráfico e do cativeiro.

Muito mais e melhor poderia ser mostrado dentro desse patrimônio natural e construído que é o Parque Zoológico, mas ele se mantém com recursos próprios arrecadados com a venda de ingressos a preços populares e de espaços locados – menos os gastos com pessoal.

Contudo, desde 2015 o governo Sartori discute um novo destino para o Parque Zoológico, sem dizer, exatamente, de que forma pretende administrar um dos espaços públicos mais procurados pelos gaúchos, com a anunciada extinção da Fundação Zoobotânica.

Neste momento, em respeito à história do Parque Zoológico, do comprometimento social que este tem e dos serviços que presta há 56 para a sociedade gaúcha, é obrigação de o governo mostrar os planos.

Pois, entre todas as dificuldades que habitualmente o parque atravessa como a falta de investimentos públicos e de pessoal na composição da força de trabalho, a indefinição sobre o futuro é a mais desanimadora.

O Padre Balduino Rambo morreu meses antes da inauguração do parque, realizada em maio de 1962, no governo Brizola.

*Roque Tomazeli é jornalista diplomado, editor do Repórter Gramado e ex-diretor do Parque Zoológico da Fundação Zoobotânica.

bottom of page