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Por Roque Tomazeli

Professor Daniel (PT), um político em ascensão em Gramado

Daniel Fernando Koehler, 38 anos, é formado em História (leciona no Colégio Estadual Santos Dumont) e ganhou notoriedade política ao se eleger vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em outubro, com 1223 votos. De janeiro até hoje, ele que é um homem público de jeito tranquilo, assumiu o mandato, a liderança do governo Fedoca Bertolucci (PDT) na Câmara Municipal e a presidência do PT de Gramado. Nesta entrevista, Professor Daniel (nome parlamentar que adotou) fala sobre o Legislativo, o PT local, o governo municipal e a respeito do movimento Escola sem Partido – momento em que endureceu na resposta. Confira.

Crédito foto: Roque Tomazeli I RG

Vereador Professor Daniel é o líder do governo Fedoca Bertolucci na Câmara

P – Por que o eleitor deve acreditar no Legislativo de Gramado numa época de desprestígio da classe política em todos os níveis?

R – O cidadão acreditar e lutar pelas instituições representativas, isso é uma coisa. Já o cidadão acreditar em todos os detentores de mandato, isso é outra coisa. A política, de forma geral, é um reflexo da sociedade. É uma ilusão achar que vivemos em um País de pessoas honestas e políticos desonestos. O que esperar de alguém que compra voto? Certamente o mesmo de quem vende seu voto, nada de muito produtivo para o coletivo, pois ambos só se preocupam com sua individualidade e não respeitam os interesses da totalidade. Eu fiz uma campanha com aproximadamente R$ 3 mil (tudo declarado, enfatiza) sem comprar votos, sem pagar churrasco e cerveja, sem prometer cargos e benefícios particulares. Todas as minhas decisões são baseadas nos princípios da legalidade e da relevância social. Tenho a tranquilidade de dizer que contribuo positivamente para a imagem do nosso Legislativo.

P – Fora do eixo PDT-PMDB, o PT é o partido com maior participação em cargos na Prefeitura e o senhor é o líder do governo Fedoca Bertolucci (PDT) na Câmara Municipal. Com toda essa influência política, qual é a marca distintiva do PT para Gramado?

R – O Partido dos Trabalhadores faz parte do governo Fedoca e se orgulha disso. Sou o líder do governo e tenho uma relação de muita cordialidade e respeito com o prefeito e os integrantes do governo. Nós pensamos juntos pela cidade, mas quem toma as decisões é o prefeito. Ele escuta, pondera, provoca, articula e debate, mas o mais importante é que sabe tomar a decisão com segurança e no momento apropriado. O prefeito Fedoca não é o estadista que é influenciado por A ou B, ele tem luz própria e sabe conduzir o seu governo com suas convicções. O Partido dos Trabalhadores não trocou apoio político por cargos, e isso é um orgulho para nós. Temos um secretário, um secretário adjunto e mais sete cargos de confiança no governo, o que parece razoável. A nossa marca distintiva é a democracia participativa, respeito e valorização do nosso servidor público e a luta pelos que mais precisam.

P – E o governo municipal (PDT), que características denotam uma mudança de postura em relação aos anteriores do PP?

R – A ética, o diálogo e a transparência. Não governamos para um grupo de empresários e nem para o interesse próprio. Também não baseamos nossas relações na política do toma lá da cá e não achamos que somos os donos da cidade. A mudança de postura é visível, este governo quer ouvir as necessidades das pessoas, olhar para o cidadão como sendo ele o protagonista de sua própria história, servir à cidade.

P – A Câmara aprovou uma moção de apoio ao promotor de Justiça Max Guazzelli (na ação civil pública contra a Corsan) e outra moção contra a discutida privatização da mesma. A Corsan anunciou R$ 178 milhões em investimentos em Gramado, sem apresentar projetos executivos que definam as obras. É o jogo das aparências?

R – Se é, não deveria ser. Aqui temos duas questões. O promotor Max Guazzelli está cumprindo o seu papel como promotor de Justiça e tem o apoio da Câmara. Outra coisa é a privatização da estatal, que em minha opinião é um retrocesso. Sou contra o rompimento com a Corsan. Quem irá nos fornecer água? Quem vai pagar a indenização pela estrutura da Corsan na cidade? Acredito que a solução deve vir pela Corsan, através de muito diálogo, pressão e cobrança. Isso é feito tanto pelo MP como pelo prefeito Fedoca. Já existem ações emergenciais acontecendo, um planejamento acordado e dependemos da execução dessas obras. Havia um clima de euforia e excitação com o rompimento e a possível privatização da Corsan em Gramado. Esse é um negócio muito lucrativo, e tenho minhas dúvidas se era só interesse público que norteava os entusiastas da privatização.

P – O movimento Escola sem Partido é tema de debate nacional. Uns acusam a ocorrência de doutrinação ideológica nas salas de aula, com base em crenças particulares. Outros defendem a pluralidade de ideias, com base em princípios constitucionais. De que modo o senhor vê isso?

R – Com preocupação. Esse movimento é uma afronta à constitucionalidade e à pluralidade de ideias. O movimento Escola sem Partido é uma expressão antidemocrática, contraditória (é contra as ideologias, mas quer impor a sua, destaca), castrador, ilegal e inconstitucional. Ele defende a violação de princípios básicos da cidadania e do direito à pluralidade de ideias. O movimento acredita ser o portador da verdade e da ética, afirma que assuntos relevantes para qualquer jovem em formação como política, religião e sexualidade não podem ser discutidos em uma sala de aula, que isso é exclusividade de orientação da família. É um absurdo, vivemos em sociedade plural e não podemos negligenciar isso. Acredito que o professor é parte desse universo de pluralidade e tem direito a manifestar a sua opinião, sim. O que o professor não pode fazer é impor a sua visão de mundo para os alunos.

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