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  • Por Romeu Riegel*

A audiência pública

Quando o vereador Roque Tomazeli propôs uma audiência pública para aperfeiçoar as mudanças sugeridas pelo Poder Executivo ao Plano Diretor da cidade, talvez, como parlamentar de primeira viagem, estivesse sendo mais romântico do que político. O presidente da Câmara de Vereadores, Ubiratã Alves de Oliveira, deve ter pensado mais em suas convicções democráticas do que na estabilidade de seu pescoço. É que, na maioria absoluta dos casos, reuniões deste tipo acabam sendo manipuladas e apenas servem para incendiar, ainda mais, rivalidades já existentes.

Câmara Municipal, 29 de janeiro de 2001


Sabendo destes antecedentes, muitos da comunidade chegamos à sessão pública do dia 29 passado visivelmente nervosos, imaginando que propósitos poderiam estar passando pela cabeça de cada um. A primeira audiência pública de nossa história, promovida em termos oficiais, poderia ser um sinal de maturidade do nosso Poder Legislativo e competência e fervor de nossa população ou palco de ranços menores de uma comunidade medíocre.


A primeira coisa que chamou a atenção foi a presença de todos os vereadores – exceção de um – e a perfeita organização burocrática e protocolar dos trabalhos. A Casa criou um ambiente de ordem que muito nos confortou e deu segurança. Uns falaram (durante um tempo rigorosamente controlado) e outros escutaram num ambiente que não seria mais respeitoso e acolhedor dentro de uma igreja. Cada um, com toda a seriedade, procurou fazer a sua parte. E em todas as partes, para nosso grande orgulho, apareceu, claramente, o interesse maior do nosso Município.


O resultado final mostrou que, quanto à preservação da cidade, não queremos brigar entre nós. Mostrou, também, que não nos assustaremos se tivermos de brigar contra os que quiserem tirar vantagens pessoais à custa da violação de nosso patrimônio urbano. Chegamos a um claríssimo consenso, que esteve acima de vantagens partidárias e mexeu com nossas emoções.


Aos nossos prezados vereadores cabe, agora, a decisão intransferível de assumir os efeitos deste histórico acontecimento ou zelar por outros interesses, ao modo mais comum dos políticos em geral. E na diferença entre as duas posturas ficarão a esperança ou o descrédito; para eles e para toda a comunidade gramadense.


*Professor (texto publicado no Jornal de Gramado, 16 de fevereiro de 2001)


Nota:

A primeira audiência pública para debater a Lei do Plano Diretor foi realizada no dia 29 de janeiro de 2001, na Câmara Municipal, e conduzida por uma comissão especial composta por:

Presidente: vereador Caetano Cardoso (PMDB);

Relator: vereador Roque Tomazeli (PDT);

Componente: vereador Ubiratã Alves de Oliveira (PPB).


Crédito foto: Cleiton Thiele





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